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Quebrando tabus: conheça mulheres que exercem profissões “tradicionalmente” masculinas

No universo predominante das profissões vistas exclusivamente para homens, mulheres lutam contra o preconceito e provam que gênero não define a ocupação que se deseja seguir
Rebeca Ângelis Por: 08/03/2018 - 15:40 - Atualizado em: 08/03/2018 - 16:56
Quebrando tabus: conheça mulheres que exercem profissões “tradicionalmente” masculinas/ Chico Peixoto/ LeiaJá Imagens
Quebrando tabus: conheça mulheres que exercem profissões “tradicionalmente” masculinas/ Chico Peixoto/ LeiaJá Imagens
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Mulheres lutam contra o preconceito e provam que gênero não define a ocupação que se deseja seguir/ Chico Peixoto/ LeiaJá ImagensMulheres lutam contra o preconceito e provam que gênero não define a ocupação que se deseja seguir/ Chico Peixoto/ LeiaJá ImagensMulheres lutam contra o preconceito e provam que gênero não define a ocupação que se deseja seguir/ Chico Peixoto/ LeiaJá ImagensMulheres lutam contra o preconceito e provam que gênero não define a ocupação que se deseja seguir/ Chico Peixoto/ LeiaJá ImagensMulheres lutam contra o preconceito e provam que gênero não define a ocupação que se deseja seguir/ Chico Peixoto/ LeiaJá Imagens

Já se foi o tempo de se escutar que “lugar de mulher é na cozinha…”, ou que “mulher já nasceu com sexo frágil”. Com o fortalecimento do feminismo engajado na luta pela igualdade de gênero, tem sido cada vez mais crescente e encorajado o entendimento das mulheres para combater a predominância do machismo em vários âmbitos do cotidiano.

Isso porque, as disparidades entre gêneros é alarmante, principalmente no meio profissional. Um levantamento de Estatísticas de Gênero: Indicadores Sociais das Mulheres no Brasil, divulgado nesta última quarta-feira (7), pelo Instituto Brasileiro de Geografias Estatísticas (IBGE), revelou que as mulheres ganham menos que homens e ainda acumulam mais trabalhos domésticos.

Mesmo a maioria delas com ensino superior completo (23,5%), em relação aos homens (20,7%), as mulheres têm um rendimento menor, comparado a eles, ainda que exerça a mesma função. Isso significa que elas têm um salário habitual médio mensal de todos os trabalhos no valor de R$ 1.764, enquanto os homens, R$ 2.306.

Em contrapartida a esse cenário, elas resolveram desafiar os ditos tabus da sociedade e mergulhar no empreendedorismo em áreas, vistas por muitos, como funções masculinas. Com profissionalismo e excelência, três mulheres, de variados segmentos, se empoderam para afastar a imagem estereotipada de que mulher é sexo frágil. Conheça!

Mãos de fada tem navalha

Meu nome é Ana Lúcia e sou barbeira com muito orgulho!”, se apresenta a antiga costureira e dona da mais recente barbearia no bairro de Ouro Preto, em Olinda, Região Metropolitana do Recife. Ela, que seguiu há 22 anos na área de costura, começou a perder clientes, e resolveu migrar de carreira, agora aos 50 anos, investindo no segmento da estética.

O fato de escolher uma nova profissão parecia ser fácil. No entanto, Ana teve que enfrentar vários dilemas para finalmente se firmar como barbeira no mercado.

O primeiro deles foi convencer amigos e familiares que não aprovavam sua nova função pretendida, sob argumento de não servir para mulher. Depois, enfrentar uma turma composta por 23 pessoas e ser a única mulher.

Quando finalmente conseguiu sua qualificação como barbeira, há um ano, resolveu atender clientes em sua residência, mas o fato de ser mulher tornou-se um entrave para ganhar confiança do público masculino que precisava. Entretanto, a barber woman não se deu por vencida, mesmo com a pouca clientela que tinha, começou a juntar dinheiro e resolveu abrir uma barbearia no bairro.

O fato de trabalhar em um ambiente masculino, sendo mulher, ainda gera machismo por parte dos homens. Mas Ana salienta que esse tipo de tabu, agora, gera curiosidade neles em querer conhecer seu trabalho. O sucesso da investida foi tão grande que, em menos de um mês, o número de clientes masculinos que recebia triplicou.

A partir daí, o machismo que ela temia no início respingou pouquíssimo em seu “avental”.

“Todos me respeitam por aqui. Inclusive descobrem meu trabalho e se interessam em querer fazer a barba e cabelo comigo. Prova que estou executando bem, né?!”, explica a barbeira.

Ela ressalta ainda que seu espaço também se destaca pelo serviços que oferece em prol da estética do homem. Técnicas de toalha quente (barboterapia), limpeza de pele e design de sobrancelhas, são alguns deles.

Body piercing: as modificações vão além do corpo

Quando se fala em body piercing, qualquer mudança no corpo feminino pode ser considerada uma expressividade. Embora pareça moderna, a técnica que consiste em perfurar o corpo tem origem milenar nas primeiras tribos e clãs do mundo. Na década de 1990, houve um “boom” mundial, tornando-a moderna.

Desde essa época, a presença das profissionais femininas de body piercer sempre foi mais restrita, apenas com nomes masculinos consolidados no mercado. Mas, há alguns anos, a presença das mulheres tem ganhado cada vez mais espaço e respeito. A exemplo disso está a body piercer Hadassa Quirino, que trocou a função de administradora para se dedicar exclusivamente ao ofício, desde 2013. Ela explica que quando ingressou na profissão, ganhou a confiança do público feminino. Clientes que, na maioria das vezes, não se sentem tão confortáveis para fazer determinados procedimentos com homens.

Antes de abrir seu próprio espaço, ela conta que sempre a contratavam com segundas intenções, no intuito de menosprezar suas qualidades profissionais com atitudes de assédio, o que a incomodava bastante. Para lidar com os clientes masculinos, ela afirma que precisou criar algumas medidas, como não fazer aplicações íntimas.

Com relação aos outros colegas já renomados no mercado, ela explica que todos a respeitam, devido a sua competência e profissionalismo. “As pessoas me conhecem pelo meu trabalho e eu sempre procuro me qualificar e saber cada vez mais das novidades da minha área”, evidencia Hadassa, relacionando ao fato de ser uma das poucas mulheres profissionais conhecidas na cidade do Recife.

Tatuagem e a arte de todos os gêneros

No universo milenar e ainda mais antigo que o body piercing, está a arte dos desenhos e traços no corpo marcadas definitivamente, por meio das tatuagens. O campo que antes era dominado apenas por tatuadores homens, agora, ganha destaque com as “minas” .

Letícia Botelho, de 23 anos, é uma dessas mulheres que integram esse novo cenário de tatoo art. Estudante de design e também tatuadora profissional, ela e a body piercer Hadassa resolveram abrir um estúdio para juntar as funções e receber no local todos os gêneros. Como elas, várias outras têm buscado empreender em espaços de arte, dividindo unicamente com outras mulheres que antes eram impedidas pelos paradigmas da sociedade.

Letícia explica que, atualmente, muitas pessoas já conhecem seu trabalho, mas o machismo de gênero ainda é recorrente. “Já chegaram a pedir para fazer uma tatoo e perguntaram quem era o tatuador. Quando disse que era eu, a pessoa ficou surpresa. [...] Outra situação foi de um tatuador que quis me contratar para trabalhar com ele, não pelo meu trabalho, mas para ficar comigo”, revela Letícia.

Apesar disso, a tatuadora salienta que a luta pelos direitos iguais de gênero não pode parar e é graças a esse despertar pelo feminismo que muitas têm lutado para ter seu real valor reconhecido pela sociedade. “Lugar de mulher é onde ela quiser!”, endossa. Confira o vídeo com a entrevista completa!

 

 

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