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Prevenir é mesmo o melhor remédio?

Medicina preventiva busca reduzir incidências de doenças e pode ser feita em qualquer fase da vida
Por: Katarina Bandeira 24/08/2018 - 16:11
“Todo mundo que realizou o teste do pezinho fez um procedimento de medicina preventiva”, afirma geneticista. Foto: Pixabay
“Todo mundo que realizou o teste do pezinho fez um procedimento de medicina preventiva”, afirma geneticista. Foto: Pixabay

Há um ditado que diz “é melhor prevenir do que remediar”. Para quem não conhece, a máxima alerta que tomar uma atitude para resolver algo, antes que uma coisa ruim aconteça, é melhor do que procurar soluções para suas consequências. Ao pé da letra, a frase chama atenção para a importância da prevenção quando tratamos da saúde, atitude aconselhada por boa parte dos profissionais ligados à medicina. Mas, será mesmo que dá para prevenir todas as doenças? Conversamos com o pesquisador e geneticista, Michel Naslavsky, para descobrir se prevenir é mesmo o melhor remédio. Confira!

O que é medicina preventiva

Apesar de ser difícil adivinhar quando vamos adoecer e quais doenças teremos no futuro, antecipar algumas enfermidades é um caminho possível. Para isso, não há bola de cristal ou cartomante, mas exames específicos que apontam mutações em nosso organismo e colocam em evidência possíveis doenças, de base genética ou relacionadas ao nosso estilo de vida. A prática, ainda pouco comum entre os brasileiros, chama-se medicina preventiva e é tão necessária quanto eficaz.

“Medicina preventiva na verdade é um conceito. Ela engloba todas as atitudes e ações que são tomadas por pessoas saudáveis para descobrir uma doença ou seus riscos até remediar com menos efeitos colaterais”, explica Michel Naslavsky, que aponta para procedimentos realizados desde a mais tenra idade, como o Teste de Guthrie, com sangue coletado do pé de bebês recém-nascidos. “Todo mundo que realizou o teste do pezinho fez um procedimento de medicina preventiva, quem tomou vacina também”, afirma.

Para Michel, não há idade certa para começar a se precaver e a prevenção de doenças pode ir desde a parte de higiene básica - como asseio, que previne doenças infecciosas e de pele, até a medicina P4, também chamada de prevenção quaternária  (preditiva, preventiva, personalidade e participativa). Na medicina P4 são feitas ações para proteger o indivíduo de intervenções médicas invasivas. “Ela expande o conceito para outros tipos de agregação de informação em saúde em prol de reduzir o prejuízo social, mental e de recursos aplicados à área”, explica.

Mais do que uma consulta

Porém, antes de ir marcando uma visita ao consultório do seu clínico é preciso entender que, mesmo com os avanços da medicina, nem tudo é passível de prevenção. “As atitudes preventivas incluem as idas aos médicos, mas não apenas isso”, afirma o geneticista, que defende que mais do que furadas e exames o paciente precisa se informar a respeito de sua condição.

“O maior segredo da evolução da medicina é o acesso à informação. As pessoas precisam saber sobre as doenças, os riscos que elas passam e tudo aquilo que pode ser preventivo em relação a cada uma dessas ameaças. Na nossa área de genética humana tentamos atender as pessoas que têm doenças genéticas e seus familiares, fazer um diagnóstico preciso e a partir daí minar o risco de recorrência daquela enfermidade e eventualmente mostrar o que é possível fazer para não passá-la”, explica.

O caso Angelina

Em 2013, a atriz hollywoodiana Angelina Jolie realizou uma dupla mastectomia para se prevenir contra o câncer de mama. O procedimento não é comum, principalmente pela idade da americana, que tinha 38 anos na época, mas foi realizado devido ao alto risco dela desenvolver a doença. A atriz removeu as mamas após um exame genético para descobrir se tinha a mesma mutação que sua mãe e tia, que morreram vítimas de câncer de mama antes da idade aconselhada pelos médicos para a prevenção.

“No caso das doenças genéticas, uma vez que a pessoa tem a mutação de dano grave que cause a enfermidade não há uma prevenção. Nesses casos é feito um aconselhamento genético. Todo mundo tem mutações, mas elas só fazem sentido se estiverem num contexto químico”, explica Michel, que recebeu várias marcações de consulta após a divulgação do caso da atriz. “Procedimentos preventivos devem levar em consideração o fator idade, histórico familiar e ambiente que a pessoa vive. Câncer de mama e ovário têm alta incidência em mulheres a partir dos 45 anos, por exemplo, por isso OMS (Organização Mundial de Saúde) sugere que se monitorem mulheres a partir de uma certa idade”, reforça.

No caso de Angelina, os médicos detectaram que ela tinha 87% de chance de desenvolver a doença. Porém, o caso é uma exceção. “O ideal é que todas as pessoas tenham um clínico geral. A ideia do SUS de ter um médico da família é fantástica, porque é um profissional para acompanhar aquela família e ver do que aquelas pessoas se queixam. É preciso observar”, finaliza.

 

E você? Costuma ir à médicos checar sua saúde? Conte nos comentários quais são as medidas preventivas adotadas na sua rotina!

 

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