
Conhecida por seus diversos encantos, a cidade do Recife transpira poesia em todas as suas esquinas. Berço de diversos escritores importantes da nossa cultura, é possível encontrá-los - mesmo após suas mortes - por ruas, pontes e praças como velhos amigos, prontos para contar suas histórias, seus poemas ou cantar alguma de suas canções. Capiba, Clarice Lispector, João Cabral de Melo Neto, Manuel Bandeira são alguns dos 16 nomes que estão representados em esculturas, espalhadas pela capital pernambucana formando o Circuito da Poesia, roteiro turístico que exibe personalidades recifenses, seja de nascença ou por moradia, em locais importantes para suas histórias.
Manuel Bandeira (1886 - 1968)
Um dos poetas mais importantes do modernismo brasileiro, foi também crítico literário e de arte, professor de literatura e tradutor. Manuel nasceu no Recife, mas mudou-se para o Rio de Janeiro, aos 10 anos e nunca mais voltou. Porém, a cidade permaneceu viva em diversos de seus poemas, entre eles Cotovia, que cita a Rua da Aurora, local onde sua estátua está localizada. “E que outras terras distantes Visitaste? Dize ao triste./ Líbia ardente, Cítia fria, Europa, França, Bahia... /E esqueceste Pernambuco, Distraída?/ Voei ao Recife, no Cais, pousei na Rua da Aurora. /Aurora da minha vida que os anos não trazem mais!”.
João Cabral de Melo Neto (1920 - 1999)
Primo de Manuel Bandeira e de Gilberto Freyre, foi poeta e diplomata, membro da Academia Pernambucana de Letras e da Academia Brasileira de Letras. Entre suas obras mais famosas está Morte e Vida Severina. Sua estátua está localizada pouco depois da do primo poeta, também na Rua da Aurora.
Ariano Suassuna (1927 - 2014)
Apesar de não ter nascido no Recife, Ariano Suassuna fez da capital pernambucana sua morada e do estado sua fonte de inspiração para diversos contos, peças e poemas. Foi também dramaturgo, romancista, ensaísta, poeta, professor e Secretário de Cultura de Pernambuco (1994-1998) e Secretário de Assessoria do governador Eduardo Campos até abril de 2014. Ariano também foi idealizador do Movimento Armorial e entre suas obras mais famosas estão o Auto da Compadecida e O Romance d'A Pedra do Reino. Sua estátua está localizada em frente ao Teatro Arraial Ariano Suassuna.
Capiba (1904 - 1997)
Nascido em Surubim, Lourenço da Fonseca Barbosa, o Capiba, foi músico e o compositor de frevos mais conhecido do Brasil. Muitas das suas mais de 200 canções exaltam a capital pernambucana e sua ligação com a cidade. Entre elas estão "Voltei Recife", "Oh, Bela" e a polêmica "Madeira que cupim não rói". Sua estátua está localizada no ponto final do desfile do Galo da Madrugada, a Rua do Sol.
Mauro Mota (1911 - 1984)
Jornalista, professor, poeta, cronista, ensaísta e memorialista. Teve uma importante carreira jornalística onde foi redator-chefe e diretor do Diario de Pernambuco, colaborador literário do do Diário de Notícias, do Correio da Manhã e do Jornal de Letras do Rio de Janeiro. Hoje, é possível vê-lo sentado, na Praça do Sebo, na Rua da Roda, local famoso por reunir poetas e escritores, e que hoje, apresenta diversos boxes de vendas de livros usados.
Carlos Pena Filho (1929 - 1960)
Apesar de ter tido uma carreira breve, Carlos Pena Filho é considerado um dos poetas mais importantes de Pernambuco. Em sua trajetória foi parceiro de Capiba, escreveu livros e deu vida a canções, gravadas por outros artistas, como “A mesma rosa amarela”, "Claro Amor", "Pobre Canção" e "Manhã de Tecelã". Sua estátua fica na Praça da Independência, também conhecida como Pracinha do Diario, no centro comercial do Recife.
Luiz Gonzaga (1912 - 1989)
Cantor e compositor, conhecido como o Rei do Baião, retratou em suas canções a vida sofrida do sertão pernambucano. Entre suas canções famosas estão "Baião", "Asa Branca", "Juazeiro" e "Baião de Dois". Hoje, saúda quem passa pela na Praça Visconde de Mauá, em frente a antiga Estação Central do Recife, próximo também da Casa de Cultura de Pernambuco.
Antônio Maria (1921 - 1964)
Cronista, comentarista esportivo, poeta e compositor, considerado o rei do samba-canção na década de 1950. Compôs diversos sucessos com amigos, entre eles “Menino Grande” e “Ninguém me Ama”, sendo a última, gravada pelo cantor estadunidense Nat King Cole. Sua escultura está localizada na Rua do Bom Jesus, no bairro do Recife.
Chico Science (1966 - 1997)
Francisco de Assis França Caldas Brandão, foi líder da banda Chico Science & Nação Zumbi e um dos principais idealizadores do Manguebeat. Seus dois discos Da Lama ao Caos e Afrociberdelia, levaram o movimento musical a ser conhecido em todo mundo. Até hoje é possível encontrar vestígios de sua influência, entre blocos de Carnaval com a proposta de tocar apenas músicas que exaltam o mangue até bandas e músicos que o tem como influência. É possível ver sua estátua em cima de um caranguejo, símbolo da cultura manguebeat, na Rua da Moeda, local conhecido por ser palco da boemia jovem recifense.
Ascenso Ferreira (1895 - 1965)
Integrante do movimento modernista, Ascenso Ferreira é conhecido por sua poesia regionalista. Entre os traços que marcam sua figura icônica está um chapéu de palha, com o qual era sempre visto pelas ruas da cidade. Autor de obras como "Catimbó", "Cana Caiana" e "Xenhenhém", a escultura do poeta está em frente ao Paço Alfândega, contemplando o Recife, às margens do Rio Capibaribe.
Joaquim Cardozo (1897 - 1978)
A localização da sua escultura na Ponte Maurício de Nassau, primeira ponte da América Latina, não poderia deixar de apresentar mais significado. Poeta e também engenheiro civil, Joaquim fez cálculos importantes para obras de Niemeyer, entre outras obras regionais, como a Caixa d’Água de Olinda. Como poeta, ao todo, foram publicados 11 livros de sua autoria, destacando-se o inaugural Poemas, que teve prefácio do poeta Carlos Drummond de Andrade.
Solano Trindade (1908 - 1974)
Poeta brasileiro, folclorista, pintor, ator, teatrólogo, cineasta e militante. Foi um dos mais importantes poetas negros do país. Solano levantava temáticas raciais em seus poemas, tendo sido por isso, perseguido. Ele também fundou o Teatro Experimental do Negro e o Teatro Popular do Brasil. Sua estátua está localizada no Pátio de São Pedro.
Liêdo Maranhão (1925 - 2014)
Um dos maiores colecionadores da cultura popular do Nordeste, foi também escritor, escultor, cineasta e fotógrafo. Suas obras retratavam temas cotidianos como cordel, mercados e a rotina típica popular. Sua estátua está localizada na Praça Dom Vital, no bairro de São José onde viveu por 17 anos.
Clarice Lispector (1920 - 1977)
Com uma sensibilidade que reverbera até hoje, Chaya Pinkhasovna Lispector, ou Clarice, foi jornalista e escritora, considerada uma das mais importantes autoras brasileiras do século XX. Nascida na Ucrânia e naturalizada brasileira, a artista se auto declarava pernambucana. Clarice escreveu romances, contos e ensaios entre eles “A paixão segundo G.H.”, “A hora da estrela” e Laços de família”. Hoje, é possível encontrá-la na Praça Maciel Pinheiro, no bairro da Boa Vista, onde passou a infância.
Alberto da Cunha Melo (1942 - 2007)
José Alberto Tavares da Cunha Melo era escritor, jornalista e sociólogo mestre do octossílabo, versos com estrutura de 11 linhas, divididas em quatro estrofes de quatro, dois, três e dois versos. Sua estátua encontra-se no Parque 13 de Maio, em frente à Biblioteca Central, onde Alberto trabalhou no setor de Obras Raras.
Celina de Holanda Cavalcanti (1915 - 1999)
Jornalista e poetisa. Publicou diversos dos seus poemas em cadernos de cultura de grandes jornais da cidade, porém, só aos 55 anos publicou seu primeiro livro. Sua estátua está localizada na praça José Sales Filho, na Avenida Beira Rio, em alusão ao poema escrito por ela “Os amigos na pracinha da avenida Beira Rio”.
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