
Por Apolo Paixão
Anualmente, são registrados, no Brasil, dezenas de casos de acidentes envolvendo vítimas que sofrem desde ferimentos leves até causas mais graves, como a morte. Os sinistros estão, cada vez mais, se tornando comuns. Dados divulgados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) mostram um aumento significativo no número de ocorrências desde 2023, impulsionados, principalmente, por fatores humanos, como a imprudência e desatenção.
Entre os casos mais registrados, estão embriaguez no volante e uso de entorpecentes por motoristas, provocando incidentes que poderiam ser evitados. Após a ingestão, as substâncias contidas em bebidas alcoólicas ou drogas ilícitas liberam diversos efeitos negativos dentro do corpo humano, tornando a experiência uma combinação perigosa ao dirigir.
A psicóloga clínica e Coordenadora Nacional de Saúde da Ser Educacional, Márcia Karine, explica como esses vícios afetam diretamente o sistema cognitivo dos condutores. “Inicialmente, a pessoa perde o senso de percepção real dos fatos e, com isso, começam a ter lapsos de memória. As drogas ilícitas também prejudicam a capacidade de foco e atenção, causando deterioração das lembranças e mudanças de comportamento. Em muitos desses casos, percebemos um aumento na agressividade. Como essas substâncias alteram o comportamento cerebral, o usuário encontra dificuldades para se concentrar em sinais de trânsito, pedestres e outras condições da estrada, levando risco a todos os envolvidos”, explica a profissional.
Além de afetar o intelectual dos indivíduos, a professora do curso de Nutrição da UNINASSAU Recife, campus Boa Viagem, Jussara Pessôa, destaca os impactos negativos na saúde. “O álcool, mesmo em pequenas quantidades, já começa a afetar a coordenação motora e os reflexos. Perde-se a noção do risco, as reações ficam mais lentas e, muitas vezes, a pessoa se sente mais confiante do que deveria. O vício não afeta apenas o comportamento no volante, mas compromete o fígado, o cérebro, o sistema cardiovascular e interfere nos funcionamentos emocional e cognitivo. A longo prazo, o corpo vai sendo destruído em silêncio”.
A nutricionista ainda esclarece sobre os efeitos das drogas no organismo. “Os alucinógenos, principalmente os mais utilizados, como maconha, cocaína ou ecstasy, também alteram a percepção da realidade, causando alucinações, reduzindo os reflexos e, muitas vezes, desencadeando crises de pânico, agressividade ou até perda de consciência. O vício transforma o cérebro, pois afeta a dopamina, neurotransmissor ligado ao prazer e à motivação, criando um ciclo de dependência difícil de romper. O organismo se adapta à presença da substância e exige doses cada vez maiores”, frisa Jussara.
O Maio Amarelo é uma campanha realizada no Brasil e em outros países com o objetivo de conscientizar condutores e pedestres sobre a importância de respeitar as leis de trânsito. Compreender esse risco já é um passo importante para evitar consumos inadequados e não ocasionar mais irresponsabilidades, reduzindo o número de mortos e feridos em acidentes de trânsito.
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