
A inclusão de pessoas com deficiência em campos esportivos é uma realidade que vem, ao longo dos anos, tomando formas cada vez mais consistentes . A visibilidade alcançada com eventos desportivos, como as Paraolimpíadas, por exemplo, ajuda a colocar pessoas muitas vezes marginalizadas pela sociedade como ícones de superação. Mas apesar de belo, este não é um caminho fácil. A falta de informação inibe e acaba impedindo que muita gente busque, no esporte, opções para melhorar a autoestima e o condicionamento físico, além de encontrarem, na graduação em Educação Física, uma opção profissional.
Professora da disciplina de Esportes Adaptados, do curso de Educação Física, Ana Zélia, afirma que, apesar do preconceito, o caminho rumo à universidade já começou a ser trilhado. “Ingressar no curso, como aluno, é uma realidade até fácil nos dias de hoje. Inclusive, nós já aprovamos algumas pessoas com deficiência física e intelectual. Mas há barreiras”, diz a professora, e reforça que esta é uma realidade ainda em construção. “A UNINASSAU é uma das poucas que tem acessibilidade como um todo, mas essa não é uma realidade nas faculdades do Brasil. Os alunos ainda encontram muitas dificuldades para fazer esse acesso. Nós estamos construindo uma sociedade inclusiva, porém há 20 anos que me pergunto quando chegaremos lá”.
Lei Brasileira da Inclusão
Em vigor desde o ano passado a Lei Brasileira da Inclusão (nº 13.146, de julho de 2015) chega para tentar melhorar o cenário. Destinada a assegurar e a promover, em condições de igualdade, os direitos e as liberdades fundamentais destinadas às pessoas com deficiências, a legislação proíbe escolas de recusarem pessoas com deficiências no ato da matrícula. Isso acaba incentivando que jovens consigam alcançar a universidade de forma igualitária.
Com isso espera-se alcançar um aumento de jovens preparados para o ensino superior, já que no último censo, em 2010, o percentual de pessoas com deficiência no país era de 23,9%, da população total, sendo que deste total, apenas cerca de 7% tinham superior completo.
Empregabilidade e barreiras
Apesar de já existirem cursos de Educação Física que acolhem as diferenças e preparam grades especiais para estudantes deficientes, barreiras sociais, como a busca por um corpo padrão, ainda inibem a formação de novos profissionais. “Ainda é um espaço com muitos padrões de corpo e um corpo sem deficiência. Um padrão que é determinado dentro deste ambiente social”, explica a Ana Zélia. “Dependendo do espaço onde os recém-formados vão buscar colocação profissional, ainda vão encontrar dificuldades. O espaço Fitness é um desses. Mas mesmo neste ambiente eles podem trabalhar na gestão, com técnicos esportivos, tem outras funções dentro da profissão. Há vertentes que todos conseguem vencer com tranquilidade”, afirma.
Deficiência e autoestima
Além da importância da inclusão em sala de aula o trabalho do profissional em Educação Física também acaba sendo melhorar o emocional de seus alunos. “Essa integração é importante porque durante o curso eles desenvolvem um olhar para as necessidades que as pessoas têm, aprendendo a enxergar a pessoa não como deficiente, mas como alguém que precisa de cuidados. Longe do estigma da deficiência” comenta a professora. “Ao aceitar a deficiência o aluno melhora a autoestima, a autoconfiança. Por mais limitado que seja o corpo quando eles estão em ambientes como uma piscina, por exemplo, eles não precisam de ajuda para fazer as atividades. São independentes” conclui.
Já pensou em ser professor de educação física? Conta para a gente o que você acha do curso!
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