Não é de hoje que o trabalho dos jornalistas é afetado pelas informações falsas. No entanto, com advento da internet e a explosão das redes sociais, as mundialmente conhecidas 'Fake News' viraram mais que uma dor de cabeça para a profissão e passaram a colocar a saúde da sociedade em xeque. Isso pode ser visto na pandemia provocada pelo novo coronavírus, que teve início há pouco mais de um ano. Não é difícil, mesmo depois desse tempo, se deparar com conteúdos falsos e que podem levar as pessoas a cometer erros graves. Nesse contexto caótico, o papel do jornalismo profissional se tornou ainda mais essencial. Por isso, nesta quarta (7), em que se é celebrado o Dia do Jornalista, decidimos explorar um pouco mais da rotina desses profissionais.
Victor Gouveia é repórter do Portal LeiaJá, sediado em Recife-PE, mas que tem abrangência nacional. Ele conta que a maior dificuldade em lidar com as 'Fake News' é que elas podem ser disseminadas até por quem deveria combatê-la. "A gente pode ver desde chefes de estado indicando remédio sem eficácia. Inclusive, o ex-presidente norte-americano Donald Trump falando sobre uso de desinfetante como tratamento ao vírus", enfatizou o profissional.
Desta forma, como a notícia falsa se originou de uma figura de alta relevância, ela ganha força e credibilidade. Para Victor, neste tipo de situação, o papel do jornalista é sempre se basear na ciência. "Nesse contexto, a gente percebe que a importância do jornalismo é caminhar lado a lado com a classe científica. Tanto reforçando na divulgação, quanto trazendo esse filtro para uma linguagem mais objetiva. Nosso papel é ser uma luz em meio a essa escuridão de informações", destacou.
Gustavo Arland é repórter e, também, produtor de uma rede de televisão estatal. Assim como Victor, ele atuou na linha de frente na divulgação de informações sobre a Covid-19. Ele resume o seu trabalho em uma palavra: apuração. "Para que a gente pudesse passar a informação necessária ao nosso telespectador, a gente teve que, de fato, lidar com Fake News. E com muitas Fake News! Mediante a tudo isso, o nosso mantra é apurar. Nosso mantra era: apuração, apuração, apuração. Checar, checar, checar. Sempre para que a gente pudesse dar informação fidedigna ao nosso telespectador", afirmou o jornalista.
Segundo Gustavo, algo que o chocou durante essa cobertura foi a tentativa de grupos de descreditar as mortes pela Covid-19. Em determinado momento da pandemia, começaram a surgir relatos que médicos e governos estavam falsificando atestados de óbitos para impulsionar o número de casos de mortes pelo vírus.
"Começaram a compartilhar alguns atestados de óbito informando que pessoas estão morrendo de outras coisas e que se colocava no atestado de óbito morte por Covid como causa. Depois começaram a dizer que o governo estava ganhando dinheiro por morte. Me lembro que na época tive que ir fazer a apuração toda e explicar, desmentir que isso não é verdade. Inclusive, logo depois, o Governo do Estado se pronunciou e esse caso foi desmentido. Dá para ver como as 'Fake News' são muito fortes. Tive que lidar com esse tipo de situação, sim", explicou o profissional.
Como evitar cair em 'Fake News'?
Para evitar cair em 'Fake News', ambos os profissionais aconselham: desconfiem. Isso porque as 'Fake News', normalmente, aparecem travestidas de notícias reais, seja na escrita, vídeo, entre outros formatos.
"A primeira coisa que digo que a população deve fazer é: se você receber alguma informação e, ao ler, identificar algo muito absurdo, já é um sinal de ser uma informação falsa. Se você tiver dúvida, não compartilhe essa notícia. Cheque e verifique se é de fato verdade. Consulte fontes oficiais e, também, veículos de comunicação. Existem inúmeros veículos de comunicação de diversas empresas que fazem um trabalho sério", destacou Gustavo.
Victor alerta para essa tentativa de fazer as notícias falsas parecerem reais. "É preciso ficar muito atento à questão dos títulos alarmantes, geralmente, feitos na tentativa dessa atenção, esse 'click'. Observar também a data, se página é oficial, olhar sempre o URL e o link desta notícia. Também tem a questão das imagens dos vídeos, que geralmente são cortadas. Vídeos que não têm frases completas. É bom ficar atento a tudo isso e checar sempre em mais de um site", aconselhou o repórter.
Comentários