
Em pleno século XXl, mais precisamente em 2017, ainda existem certos preconceitos com os cuidados referentes à saúde mental. O número crescente de pacientes em consultórios de psicólogos, terapeutas e afins mostra que esta é uma realidade que vem melhorando, porém, continua muito aquém das reais necessidades para os tratamentos psicoterapêuticos.
A psicóloga Carla Correia trabalha como preceptora no setor de Psicologia da Clínica-Escola da UNINASSAU, em Campina Grande, e comenta sobre o assunto. “Hoje em dia, a procura pela psicoterapia é bem maior que antes, quando o estigma era muito forte. Antigamente, existia essa característica de associar o psicólogo e o tratamento psicológico ao que chamam de louco”, explica.
A profissional conversa entre jogos e fantoches na sala de brinquedos onde são tratadas as crianças atendidas na Clínica e afirma que a regulamentação da profissão de psicólogo foi feita em 1962, ou seja, um período muito curto para quebrar uma barreira forte na sociedade. Carla ainda comenta que as pessoas não precisam buscar o psicólogo apenas em casos graves de transtornos mentais, mas também em conflitos individuais simples que podem ser resolvidos mais rapidamente com ajuda de um profissional.
“Quem procura a psicoterapia normalmente está em um estado de emergência por alguma situação angustiante. E isso não é necessariamente um transtorno psicológico, mas é problema que dificulta o convívio com a sociedade ou consigo mesmo. Algumas pessoas são ajudadas com conflitos como não conseguir apresentar um trabalho na sala de aula, não saber lidar com o fim de um relacionamento amoroso ou perda de um familiar querido”, esclarece a psicóloga.
É o caso do advogado Leonardo Maximiano, que enfrentou fortes crises de estresse e precisou da ajuda de um terapeuta, mesmo não estando à vontade com o fato de necessitar da terapia. Ele foi paciente da Clínica-Escola e já teve alta. “Demorei uns cinco meses para começar a terapia, porque tinha vergonha e quando perguntava aos outros o que achava, eles diziam que isso era coisa de quem não tem o que fazer, que a solução era lavar louça, etc. E só perdi o medo quando tive um colapso por conta de estresse excessivo e a única solução foi a terapia”, conta.
Depois que perdeu o medo da terapia e dos problemas, Leonardo está confiante com as perspectivas pós-tratamento. “Antes da terapia eu estava desempregado e tive que trancar minha pós-graduação. Não conseguia me comunicar bem com as pessoas, sair de casa ou ir a festas. Depois da terapia, eu consegui voltar para minha vida acadêmica, abrir um escritório de advocacia, retomar meus relacionamentos afetivos e fortalecer os laços que eu construí em todo o processo (antes e depois da terapia), acabei perdendo o preconceito de dizer que fazia terapia e hoje recomendo aos meus amigos”, finalizou.
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