Escrito por Rebeca Ângelis
Desde primórdios, falar sobre o consumo e legalização das drogas sempre foi um assunto polêmico em várias partes do mundo. No entanto, também são crescentes as novas concepções diante da planta, principalmente, quando o quesito envolve o tratamento medicinal de doenças severas.
Legalização x Terapia
Estudos científicos recentes, sobretudo, do National Institute on Drug Abuse (Instituto Nacional de Abuso de Drogas, em português - Nida), indicam que o canabidiol (CBD) e o tetrahidrocanabinol (THC) são de extrema importância medicinal, devido ao seu poder de cura eficaz no tratamento de dores, ansiedade, podendo inclusive desacelerar o desenvolvimento de células doentes no organismo.
Apesar disso, o comércio da planta não é autorizado no Brasil.
Em 2014, o Canabidiol teve autorização concedida pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) de uso compassivo no país, ou seja, somente para casos específicos de tratamento de epilepsias em crianças e adolescentes que são refratárias às terapias convencionais, com autorização para a importação excepcional de uma lista restrita de medicamentos. Dois anos depois, o THC também foi autorizado, dentro dos mesmos critérios de consumo.
No entanto, o Brasil ainda não possui nenhuma autorização para plantio e cultivo, fator que dificulta ainda mais para os pacientes. Isso porque eles precisam fazer o uso contínuo da medicação e para importar esse medicamento, as famílias precisam desembolsar um custo mensal de R$ 5 mil a R$ 10 mil.
Pensando neste assunto que ainda divide opiniões no país, elaboramos uma lista com as 4 principais doenças que o uso terapêutico da Cannabis Sativa (popularmente conhecida como maconha) pode auxiliar, aumentando os níveis de evolução dos pacientes em tratamento. Confira:
1- Câncer
O mesmo estudo do instituto revela que a cannabis atua na eliminação de células cancerígenas e no tratamento de efeitos colaterais, causados pela quimioterapia. O levantamento do Nida revelou que algumas substâncias da planta são capazes de reduzir e até combater tumores do cérebro.
2- Esclerose Múltipla
Um grande avanço para os pacientes que possuem espasticidade, isto é, têm o tônus muscular aumentado - causado por uma condição neurológica anormal, é o uso medicinal da erva, por meio do composto Sativex. É o primeiro medicamento à base de cannabis permitido no Brasil, e contém uma mistura de THC (delta-9-tetra-hidrocanabinol) e o CBD (canabidiol), extraídos da planta cannabis sativa THC e CDB, que auxilia na terapia de pacientes que se encontram em situação moderada ou grave da doença.
3- Esquizofrenia
Considerada uma doença mental crônica, com sintomas aparentes de delírios e alucinações, bem como distúrbios de pensamentos, a esquizofrenia também é incluída nos bons resultados, com relação ao uso terapêutico da cannabis. O mesmo estudo realizado em Londres, analisou a vantagem que a terapia possui em provocar menos efeitos colaterais que as drogas antipsicóticas existentes atualmente. O teste foi realizado com 42 pacientes no estado crônico da doença, que fizeram tratamento com o CBD, resultando em menos efeitos colaterais, como aumento de peso, disfunção sexual e até problemas hepáticos, causados pelos medicamentos usuais.
4- Aids
Embora ainda esteja em fase de descoberta,um estudo, realizado em 2014 pela Universidade do Estado da Louisiana, publicado na revista "AIDS Research and Human Retroviruses", apontou sobre a possibilidade do uso da maconha para neutralizar o vírus causador da Síndrome da Imuno Deficiência Adquirida (AIDS), de modo que ele não se multiplique. O delta-9-tetra-hidrocanabinol (THC) é considerado o composto ativo capaz de proteger as células contra os danos causados pelo vírus HIV. A pesquisa foi feita em 17 meses em macacos infectados pelo vírus, que receberam doses diárias de THC. Com a terapia, os cientistas notaram que danos ao tecido do estômagos dos primatas, uma das áreas do corpo mais propícia à propagação do vírus HIV, havia diminuído.
Debate em pauta
De acordo com a professora, Doutora e PhD em Farmácia, Larissa Rolim, um dos grandes dilemas enfrentados no Brasil ocorre por conta da importação com elevados custos, já que não é permitido o plantio e nem cultivo, bem como o controle de qualidade dessas substâncias que são direcionadas a esses pacientes. “as famílias que precisam importar o extrato podem gastar de R$ 5 a R$ 10 mil mensalmente, sem ajuda alguma do governo. O que impede que muitos tenham o acesso e evolução no tratamento. Além disso, muitos estudos que poderiam acontecer para a evolução do tratamento dessas doenças não recebem seu devido incentivo.”, salienta Larissa.
Ela, que também será conferencista no Congresso de Saúde no Recife, promovido pela UNINASSAU, cuja mesa temática será sobre o ‘Uso medicinal da cannabis sativa em doenças degenerativas’, acrescenta ainda que busca sempre desmistificar esse tabu. Principalmente, em relação ao poder de grandes ativos que a planta pode ser útil, em prol de avanços no tratamento de doenças degenerativas. “A minha idéia é tentar desmistificar o uso medicinal da maconha, de modo que, pelo menos as pessoas entendam que ela é uma planta medicinal como qualquer outra, que produz compostos benéficos à saúde. Se fosse um abacaxi, ninguém veria tanto problema em usar o cannabidiol, mas ele não vem [do abacaxi], vem da maconha, e deve haver esse entendimento como algo benéfico.”, explica.
Ela ainda salienta sua defesa da erva para fins fitoterápicos “Eu não estou falando em dar um cigarro para uma criança fumar, falo em dar um xarope preparado, dentro dos padrões de qualidade”, finaliza.
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