
Mais conhecido como Agosto Lilás, este mês é voltado para discussões, diálogos e conscientização pelo fim da violência contra a mulher, realidade social que vem crescendo no Brasil durante a pandemia do novo coronavírus. Segundo dados do Ministério da Mulher, da Família e Direitos Humanos (MMDH), o número de denúncias em abril ao disque 180 cresceu 40% se comparado com o mesmo período em 2019.
Já os casos de feminicídio tiveram crescimento de 22,2% em 12 estados brasileiros, segundo relatório apresentado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. De acordo a professora do curso de Serviço Social da UNINASSAU – Centro Universitário Maurício de Nassau Fortaleza e pesquisadora do Observatório de Violência Contra a Mulher da Universidade Estadual do Ceará, Daniele Alves, são necessárias políticas públicas mais efetivas de apoio à mulher.
“Já tivemos muitas conquistas desde 1960, onde conquistamos delegacias, centros de referência, juizados, e o objetivo é construir mais redes de apoio”, frisa. Mas, qual a importância disso? A assistente social ressalta que essas redes são imprescindíveis para a proteção dessas mulheres, e também que estejam articuladas com a proteção social básica, onde a mulher possa recorrer a uma proteção brasileira, para que fortaleça a dimensão da cidadania, da autonomia e da dignidade da mulher.
Outro ponto indagado pela profissional é de que houve diminuição nos números de boletins de ocorrência, mas que as agressões tiveram aumento. “Com medo da contaminação pelo coronavírus, muitas mulheres deixaram de fazer a denúncia presencialmente. Muitos serviços de apoio oferecem atendimento virtual, mas muitas delas não tem facilidade no uso da internet ou não tem acesso às tecnologias”, destaca.
Com relação à dependência da mulher ao cônjuge, a assistente social declara que muitas mulheres sofrem dependência emocional, afetiva e, muitas vezes, financeira. “É importante que se construa políticas que trabalhem não apenas o enfrentamento à violência, mas que trabalhem o processo de cultura machista em que estão imersas, principalmente no Ceará. Esse tema deve ser trabalhado nas escolas, nos veículos de comunicação, para que entendam que violentar uma mulher não é normal, e que muitas vezes vem de uma cultura machista”.
Como denunciar?
Além do disque 180, canal de denúncias de violência que atende todo o território nacional, a cidade de Fortaleza conta com a Casa da Mulher Brasileira, equipamento que atua com rede de proteção e atendimento humanizado às mulheres que foram vítimas de violência. Somente este ano, o equipamento já atendeu 14.072 mulheres. Desde sua inauguração, em 2018, foram contabilizados mais de 64 mil atendimentos.
A Casa da Mulher Brasileira fica localizada na Rua Tabuleiro do Norte s/n, bairro Couto Fernandes.
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